ATA DA SEXAGÉSIMA SEXTA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 23.8.1993
Aos vinte e três dias do mês de agosto do
ano de mil novecentos e noventa e três reuniu-se, na Sala de Sessões do
Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Sexagésima
Sexta Sessão Ordinária da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima
Primeira Legislatura. Às quatorze horas foi realizada a chamada, sendo
respondida pelos Vereadores Clênia Maranhão, Clóvis Ilgenfritz, Décio Schauren,
Dilamar Machado, Divo do Canto, Eliseu Santos, Eloi Guimarães, Fernando Zachia,
Geraldo de Matos Filho, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá,
Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, Jair Soares, João Dib, João Motta, João Verle,
Jocelin Azambuja, José Gomes, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Maria
do Rosário, Mário Fraga, Nereu D’Ávila, Pedro Ruas, Pedro Américo Leal e Wilton
Araújo. Constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou
abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias das
Atas da Quarta e Quinta Sessões Especiais e da Sexagésima Quinta Sessão
Ordinária, que foram aprovadas. Ainda esteve presente o Vereador Artur Zanella.
Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios: nºs 520, 524, 525 e 526/93 do Senhor Prefeito
Municipal de Porto Alegre, nº 28/93, do Deputado Estadual Erni Petry, s/nº da
Companhia Dosul, s/nº da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul;
Telegramas do Presidente do Banrisul, Senhor Flávio Obino, da Assessoria do
Ministro Antônio Britto; Fax do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura;
Cartões do Deputado Estadual Odilon Mesko e do Presidente do Instituto Cultural
Brasileiro Norte-americano. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Clóvis
Ilgenfritz, 01 Requerimento de Renovação de Votação; pelo Vereador João Dib,
01 Projeto de Lei do Legislativo nº 76/93 (Processo nº 1500/93); pelo Vereador
Luiz Negrinho, 05 Pedidos de Providências; pelo Vereador Mário Fraga, 01 Pedido
de Providências; pelo Vereador Wilton Araújo, 01 Pedido de informações nº
130/93 (Processo nº 2162 /93). A seguir, o Senhor Presidente registrou a
presença do Senhor Vice-Prefeito de Porto Alegre, o Bacharel Raul Pont.
Compuseram a Mesa: o Senhor Sigrid Kunz, do Conselho Estadual do Idoso, o
Senhor Pedro Surreaux, da Ordem dos Advogados do Brasil, o Senhor Jair
Krischke, do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, o Senhor Gladmir, do Grupo de Apoio à Prevenção da AIDS e do Nuances Grupo Gay-Lésbicas, a
Senhora Débora Moreira, do Centro Nacional de Articulação dos Religiosos
Afro-brasileiros. Logo após, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Vice-Prefeito
de Porto Alegre, Senhor Raul Pont, que discorreu sobre o Projeto de Lei do
Executivo nº 05/93, que trata da
Política Municipal dos Direitos da Cidadania contra Discriminações (Processo nº
2139/93), registrando a sua preocupação com o ressurgimento no cenário nacional
e internacional do racismo e das discriminações étnicas e com a situação de
violência vivida hoje no país, citando como exemplo a recente chacina de
índios ianomâmis no Estado do Amazonas. Propugnou pela participação da
sociedade civil organizada e dos Senhores Vereadores no aperfeiçoamento do
presente Projeto. A seguir, o Senhor Presidente agradeceu a presença dos representantes
das entidades, afirmando que esta Casa dispensará a devida atenção que merece
o Projeto de Lei do Executivo. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª
Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo nº 184/92, o Substitutivo do Vereador
Décio Schauren ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 02/93 e o
Projeto de Resolução nº 24/93; em 2ª
Sessão, o Projeto de Lei do Executivo nº 50/93, o Projeto de Lei Complementar
do Legislativo nº 25 /93 e o Projeto de Lei do Legislativo nº 106/93 e, em 3ª
Sessão, os Projetos de Lei do Executivo nºs 47, 54, 56, 57, 58 e 59/93, o
Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 78/93, os Projetos de Lei do Legislativo
nºs 87, 97 e 99/93 e 238/91 e os Projetos de Resolução nºs 21 e 22/93. Em
GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Luiz Negrinho parabenizou a iniciativa do Senhor
Presidente de incentivo ao GECAPA - Grêmio Esportivo da Câmara Municipal de
Porto Alegre, registrando as pressões da sociedade pela criação da Secretaria
Municipal de Esportes. Referiu-se ao Orçamento Participativo e suas obras,
registrando que as obras de canalização da Vila Caí estão sendo postergadas até
um ano eleitoral, questinando pelo caminho legal para realização de obras não
previstas no Orçamento Participativo. A Vereadora Maria do Rosário registrou
sua preocupação com o controle das fronteiras da Amazônia, lembrando o risco de
manobras militares norte-americanas nas proximidades. Falou sobre a Conferência
de Direitos Humanos realizada em Viena e a tentativa da Organização das Nações
Unidas de viabilizar as intervenções militares pela anulação do conceito de
soberania nacional. Registrou que juntamente com o Vereador Milton Zuanazzi
protocolou nesta Casa um convite ao Coronel Bertier, do Exército, para que
compareça neste Legislativo a fim de falar sobre a situação de defesa da
Amazônia. O Vereador Pedro Américo Leal lembrou a paralisação do projeto Calha
Norte e suas conseqüências para a defesa nacional, dizendo que a preservação da
Amazônia sob o pretexto de ser “o pulmão do mundo” é uma falácia que serve aos
sete países mais ricos que tem interesse direto na não exploração das riquezas
minerais nacionais. Falou sobre as prerrogativas e importância das Forças
Armadas, salientando seu caráter apartidário e classificando-as como um “fator
de integração nacional”. Propugnou pela cobertura do território amazônico com
radares e pela retomada do Projeto Calha Norte. O Vereador Dilamar Machado
registrou o recebimento, de lideranças comunitárias da Zona Norte, de um
relatório do Departamento Municipal de Habitação - DEMHAB, referente ao
reassentamento de famílias da Vila Ipê. Registrou, concordando com o Vereador
Luiz Negrinho, que neste relatório não é citado nenhuma vez o Orçamento
Participativo. Disse que o Fundo de Desenvolvimento Social do Governo do Estado
tem recursos para a construção de quinhentas unidades habitacionais em Porto
Alegre, registrando não haver nenhum pedido do Executivo Municipal para
liberação destes recursos, lembrando que essas quinhentas habitações poderiam
resolver os problemas da áres de risco da Zona Norte. O Vereador Milton
Zuanazzi disse que no programa de pavimentação de estradas lançado pela
Secretaria Estadual de Transportes o Município de Porto Alegre tem direito a
dez ou onze quilômetros de estradas com pavimentação de pedras irregulares.
Falou sobre a decisão da ONU que propõe a autodeterminação dos povos indígenas,
situando tal proposição no cenário político nacional e internacional e
questionando a quem serve tal independência dos índios. Falou sobre a ausência da
reforma agrária no País e sobre a ocupação irregular da Amazônia, afirmando que
o desenvolvimento nacional passa necessariamente por essa região. O Vereador
Jocelin Azambuja comentou o conteúdo discriminatório existente na expressão
“meninos e meninas de rua”, ressaltando que, por ocasião da Lei de Diretrizes
Orçamentárias esta Casa já aprovou a substituição dessa expressão por “crianças
e adolescentes desassistidos”. Lembrou a existência de diversas
estigmatizações sociais no País, como aquela de que o brasileiro é preguiçoso,
quando, em verdade, tem uma das maiores jornadas de trabalho do mundo.
Registrou, por fim, a integração da Associação de Círculos de Pais e Mestres do
Estado na campanha contra miséria e contra a fome, dizendo que essa entidade mandou
circular para todas as escolas públicas do Rio Grande do Sul sugerindo a
instalação de um comitê em cada uma
delas. A seguir, constatada a existência de “quorum”, iniciou-se a ORDEM DO DIA
em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Resolução nº 18/93.
Foram ainda aprovados os seguintes Requerimentos de Voto de Congratulações: do
Vereador Artur Zanella com o Delegado Carlos Joaquim Guedes Rezende pela
condecoração com a Medalha da Ordem do Mérito Militar, Grau de Oficial pelo
Ministério de Exército; do Vereador Eliseu Santos com o Senhor Sérgio Tadeu
Pereira, da Empresa Sogil de Transportes Coletivos, pelo recebimento do
prêmio “Leão de Honra 1993”, com o programa radiofônico “Voz da Profecia” pela
passagem de seus cinqüenta anos de veiculação, com o Pastor Roberto Rabelo,
pelo longo serviço prestado no programa radiofônico “Voz da Profecia”; do
Vereador Jocelin Azambuja com a Diretoria do Arquivo Público pelo lançamento do
Primeiro Guia do Arquivo Público do Estado, com o Jornal Kronika pela passagem
de seu décimo sexto aniversário; do Vereador José Gomes com o Senhor José
Sidney Silveira Sousa por sua posse como Presidente da Associação dos Moradores
do Alto das Saibreira e da Vereadora Maria do Rosário com o Conselho Municipal
de Clube de Mães de Porto Alegre por ocasião da Décima Primeira Semana Estadual
de Clube de Mães. Também foram aprovados os Requerimentos da Vereadora Clênia
Maranhão solicitando Moção de Repúdio desta Casa à chacina dos índios Ianomâmis
em Roraima e do Vereador Wilton Araújo solicitando seja dispensado de
distribuição em avulso e interstício para sua Redação Final o Projeto de
Resolução nº 18/93, considerando-a aprovada nesta data. Foi ainda rejeitado por
treze Votos SIM e quatorze Votos NÃO o Requerimento de Voto de Congratulações
com o Soldado Lasier Felisberto Guinich da Segunda Companhia do Nono Batalhão
de Polícia Militar e com o Soldado Márcio Oliveira Rodrigues, da Polícia do
Exército por terem detido e prendido Jorge Luiz da Silva Rosa, que tentou
furtar do motorista da Carris José Antonio Dias sua sacola, tendo votado Sim
os Vereadores Clóvis Ilgenfritz, Décio Schauren, Eloi Guimarães, Guilherme
Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, João Motta, João Verle, José Gomes,
Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Milton Zuanazzi e Gerson Almeida e tendo
votado Não os Vereadores Clênia Maranhão, Dilamar Machado, Eliseu Santos,
Fernando Zachia, Geraldo de Matos Filho, Isaac Ainhorn, Jair Soares, João Dib,
Jocelin Azambuja, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Mário Fraga, Nereu D’Ávila e Wilton
Araújo, de autoria do Vereador José Gomes e destacado pelo Vereador Artur
Zanella, tendo sido encaminhado à votação pelos Vereadores Isaac Ainhorn, José
Gomes, João Motta e Luiz Braz. Em Renovaçao de Votação, foi rejeitado o
Requerimento nº 234/93 de autoria do Vereador Gerson Almeida. Foram ainda
retirados pelos autores os Requerimentos nº 238/93 do Vereador Wilton Araújo e
de Renovação de Votação do Requerimento nº 238/93, do Vereador Clóvis
Ilgenfritz. Durante a Sessão foi apregoado o Oficio nº 1262/SPE do Senhor Líscio Camargo, Chefe de Gabinete da Secretaria
de Política Econômica do Ministério da Fazenda em resposta ao Oficio nº 1683/93
do Vereador Clóvis Ilgenfritz acerca de informações sobre o reajuste de preços
dos combustíveis. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Clóvis Ilgenfritz falou sobre
expediente de sua autoria solicitando Renovação de Votação do Requerimento do
Vereador Wilton Araújo de Constituição de Comissão Especial destinada a tratar
sobre o plano de atendimento às pessoas carentes, justificando que esse assunto
está sendo estudado por outra Comissão Especial composta pelos Vereadores Airto
Ferronato, Presidente, Sua Excelência, Vice-Presidente e Maria do Rosário,
Relatora. Disse que não pretendia obstaculizar esta proposta do Vereador Wilton
Araújo, sugerindo apenas o melhor aproveitamento do trabalho da Comissão e, ainda, afirmou ter retirado o
Requerimento de sua autoria. Convidou a todos para um encontro com o Senador
Eduardo Suplicy, hoje à noite, na Caixa Econômica Federal, o qual traz
sugestões para o programa de garantia de renda mínima no País. O Vereador José
Gomes reportou-se à matéria divulgada pelo jornal Folha de São Paulo,
intitulada “Souza Cruz Triplica o Lucro”,
dizendo que em fevereiro foi solicitada a formação de Comissão Especial para
estudar as demissões da Empresa, não sendo aprovada, visto já existir uma
Comissão em andamento para analisar o desemprego em Porto Alegre. Disse que
essa Empresa vive da expoliação dos trabalhadores, ressaltando que o
“superavit” da mesma girou em torno de noventa e seis milhões de dólares no primeiro semestre. Questionou o fechamento
da fábrica na Capital, lembrando as conseqüências trazidas ao Município de
Porto Alegre com o que deixou de arrecadar de impostos, bem como os gravames
trazidos os funcionários demitidos da Souza Cruz. Às dezesseis horas e trinta e
oito minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou
encerrados os trabalhos, convocando
os Senhores Vereadores para a
próxima Sessão Ordinária de Quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos
foram presididos pelos Vereadores Luiz Braz e Wilton Araújo e secretariados
pelos Vereadores Dilamar Machado, Nereu D’Ávila e Luiz Braz, estes como
Secretários “ad hoc” e Clênia Maranhão. Do que eu, Airto Ferronato, 1º
Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em
avulsos e provada, será assinada pelo Senhor Presidente e por mim.
O SR.
PRESIDENTE (Wilton Araújo): Hoje temos o comparecimento do Vice-Prefeito
Raul Pont, que já faz parte da Mesa; a Srª Sigrid Kunz, do Conselho Estadual do
Idoso; Dr. Pedro Surreaux, da OAB; Sr. Jair Krishke, do Movimento de Justiça e
Direitos Humanos; Sr. Gladimir Lorenzi, Grupo de Apoio e Prevenção da AIDS; e
do Nuances Grupo de Gay-Lésbicas; Srª Débora Moreira, SENARAB.
É uma satisfação para esta Casa e muito nos honra a
formação desta Mesa. A Câmara Municipal abre espaço, no dia de hoje, no início
da sua Sessão, para que o Executivo Municipal, que já vem há muito tempo
discutindo uma política municipal de direitos à cidadania contra a
discriminação. E o Vice-Prefeito vem-nos dar as bases de um Projeto de Lei que
está Casa e que foi discutido com representantes da comunidade. Um grupo de
trabalho bastante extenso, que a Casa tem a honra de receber, até porque vai se
debruçar sobre o assunto, a partir de agora, e nada melhor do que se conhecer
bem este trabalho e o trabalho deste grupo, que vem se desenvolvendo há algum
tempo.
E, neste sentido, passamos a palavra ao Sr.
Vice-Prefeito, Raul Pont.
O SR. RAUL
PONT: Nobre Ver. Wilton Araújo, Presidente da Câmara Municipal, demais
membros da Mesa, nobres Vereadores, Presidentes e representantes de entidades
que participaram da elaboração do anteprojeto que se constitui no Projeto de
Lei que ora entregamos à Câmara, Senhoras e Senhores. Pode parecer incomum
nossa presença ao encaminhar mais um projeto de lei para apreciação desta Casa,
mas o nosso objetivo ao encaminharmos pessoalmente, também com a presença de
várias entidades, é pela importância do mérito da matéria, e também em
reconhecimento ao trabalho desenvolvido, praticamente no último semestre, mais
de seis meses de trabalho, por um conjunto de entidades que participou da
elaboração desse anteprojeto. Matéria que trata da política municipal dos
direitos da cidadania contra as discriminações. É uma resposta concreta,
imediata, que a Prefeitura, as entidades, temos certeza, também a Câmara,
procuramos dar a um problema extremamente grave que vivemos no nosso País, na
nossa Cidade, e que, infelizmente, a humanidade vive em nível internacional. O
ressurgimento, em alguns países do primeiro mundo, do racismo, acontecimentos
lamentáveis com os quais convivemos no nosso País, onde ocorreu uma matança, um
verdadeiro massacre de presos políticos, recentemente, no caso de São Paulo, do
Carandiru, de presos comuns. Tivemos também, mais recentemente, essa situação
lamentável ocorrida com os indígenas ianomâmis, uma situação que envergonha o
Brasil perante outras nações. Sabemos que esse não é um problema exclusivamente
nosso, temos que responder como cidadãos, como seres humanos, para que se possa
fazer com que, em nível internacional, o respeito ao cidadão, às minorias, à
mulher, às crianças, aos indígenas, aos negros, se dê como algo que deva ser
inerente a nossa condição de seres humanos e de sociedades políticas,
procurando romper com a forma que, infelizmente, ainda predomina em vários
lugares, que é a da discriminação. Este projeto teve a participação, desde o
primeiro momento, de um conjunto de entidades que nós gostaríamos de registrar,
pelo reconhecimento ao trabalho realizado: a Ordem dos Advogados do Brasil,
aqui representada pelo Dr. Pedro Surreaux; a Associação Rio-grandense de
Imprensa; a Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembléia Legislativa;
o Movimento de Justiça e Direitos Humanos, aqui representado pelo companheiro
Jair Krischke; a Câmara de Vereadores de Porto Alegre, através da Assessoria de
sua Presidência, do Advogado Luiz Alberto Chaves, que participou ativamente de
todo esse processo de elaboração do ante-projeto; o Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente; o Conselho Estadual do Idoso, na Mesa
representado pela senhora Sigrid; o Grupo de Apoio e Prevenção da AIDS, também
representado na Mesa pelo Sr. Gladimiro Lorenzi; o Núcleo de Estudos sobre a
Prostituição; o movimento Negro, representado por várias entidades, e, na Mesa,
pela Srª Débora Moreira; a Universidade Federal do Rio Grande do Sul; o
Movimento de Mulheres; a ANAÍ; a CNBB; e também representantes da Prefeitura
Municipal de Porto Alegre; da Secretária de Governo; da Secretária de
Administração; da Procuradoria Geral do Município e do Gabinete do Prefeito.
Este grupo trabalhou neste ante-projeto, durante vários meses e, praticamente,
na íntegra, ele foi assumido pelo Executivo, e agora entregue para a apreciação
dos Senhores. Temos certeza de que o papel e a ação da Câmara será no sentido
de melhorá-lo, de emendá-lo, procurar fazer com que, com a contribuição dos
vários partidos, ele saia daqui aperfeiçoado e melhor ainda do que o que já foi
feito pelas entidades. Nós, enquanto Poder Municipal, enquanto Poder Executivo,
gostaríamos de dizer que esta questão da política municipal contra a
discriminação, pelos direitos da cidadania, vem tendo, de nossa parte, uma preocupação
intensa em atuarmos de várias formas, através de várias secretarias. Nesse
sentido, nós nos ressentimos de uma participação maior da comunidade, de
maneira organizada, para que essa política seja traçada, não apenas pelo
Executivo, mas envolvendo ao máximo a comunidade, assim como estamos realizando
em outras frentes, por exemplo, no orçamento público, no programa Jovem
Cidadão, dos meninos e meninas de rua, das crianças e dos adolescentes. A nossa
preocupação é no sentido de que este projeto tenha a atenção e a tramitação
rápida que a situação requer. Nesta semana, estamos transferindo para melhores
instalações os Conselhos Municipais. É nossa política intensificar e respeitar
aquilo que é elaborado pelos Conselhos Municipais. Então, nesta semana, estarão
transferindo-se para as novas instalações o Conselho Municipal dos Direitos da
Criança e dos Adolescentes, o Conselho Municipal de Educação, e reservaremos
espaço para o Conselho dos Direitos da Cidadania. Uma outra reivindicação da
comunidade, e que o Executivo assumiu como compromisso de Campanha, é a criação
de um Conselho de Segurança pública, por isso já estamos encaminhando um
anteprojeto para esta Casa.
O que motivou a nossa vinda a esta Casa, enquanto
poder Executivo, foi a importância de elogiar e cumprimentar a participação
destas entidades que participaram, de alguma forma, no debate inicial do Fórum,
além daquelas que já forma nominadas, mas ressaltar este aspecto, dizer que foi
um trabalho profícuo desta Comissão, deste grupo que realizou o anteprojeto,
que é o maior responsável pelo trabalho que os senhores irão apreciar. Em
respeito a este trabalho é que nós trazemos aqui este cumprimento e também
ressaltando, elogiando esta forma que a comunidade de Porto Alegre respondeu ao
chamado da Administração para, conjuntamente com o Poder Executivo, elaborar
este anteprojeto. Fica, portanto, à disposição dos senhores para apreciação,
para julgamento e posterior deliberação desta Casa, o trabalho realizado pelo
grupo que foi responsável pelo anteprojeto. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: A Câmara de Vereadores recebe a visita do Executivo Municipal
para encaminhar e dizer de que forma, por quais os objetivos este grupo de
trabalho se reuniu, para confeccionar um Projeto de Lei. Saberá a Câmara
Municipal, como de resto sempre soube, tratar os assuntos de importância
enviados pelo Executivo, mas também é o momento de dizer a todas essas
entidades que, a partir de agora, o processo começa a ser discutido, talvez emendado
pela Câmara Municipal, e que elas podem também estar junto às nossas Comissões,
junto aos Srs. Vereadores, continuando a sugerir, a opinar, continuando quem
sabe, com objetivo de melhorar este trabalho, que é meritório, para
encaminharem de forma muito concreta as suas pressões e as suas vontades junto
a todos os Vereadores. Nesse sentido que a Câmara Municipal recebe e diz que
vai trabalhar com afinco nesta matéria e em todas as matérias que merecem por
parte do Executivo a importância que têm. A Casa estará aberta, como sempre. E
vai fazer com que esse assunto faça parte do cotidiano dos Vereadores e todas
as suas Comissões, num primeiro momento, e, logo após, no Plenário. Eu anotava
que o Prefeito dizia ter vontade de se fazer isto com rapidez, o que também é
vontade desta Casa. Muitas vezes desta dialética, desta troca e deste
aperfeiçoamento a rapidez não é o maior nem o melhor aliado, mas tentaremos,
dentro do possível, fazê-lo rapidamente com a eficiência que o povo de Porto
Alegre merece.
Neste sentido, agradeço a visita de todos os nosso
convidados; tenho certeza de que este grupo que trabalhou até aqui vai
permanecer conosco para definirmos o texto final da legislação. Precisamos de
vocês todos os dias, aqui dentro, para nos auxiliarem a fazer com que o povo de
Porto Alegre tenha uma boa legislação. Muito obrigado.
Suspendemos os trabalhos, por dois minutos, para as
despedidas.
(Os trabalhos forma suspensos às 14h27min.)
O SR.
PRESIDENTE (14h29min): Estão reabertos os trabalhos da presente Sessão.
PAUTA - DISCUSSÃO
PRELIMINAR
1ª SESSÃO
PROC. 2459/92 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 184/92, do Vereador Vicente Dutra, que concede o título
honorífico de cidadão de Porto Alegre ao Professor Caetano Santagada.
PROC. 2080/93 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº
24/93, da Mesa, que cria o Setor de Limpeza e funções gratificadas de Chefe
e Subchefe de Setor, alterando a Resolução n° 553/68 e dando outras
providências.
PROC. 0022/93 - SUBSTITUTIVO, de
autoria do Vereador Décio Schauren, ao PROJETO
DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 02/93, que regulamente o art. 17,
inciso III, da Lei Orgânica do Município, dispondo sobre a reserva de cargos
públicos destinados a pessoas portadoras de deficiência, critérios para a sua
admissão e dá outras providências.
2ª SESSÃO
PROC. 1815/93 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO
Nº 50/93, que cria a função regida pela consolidação das Leis do Trabalho,
pertencente ao Quadro Celetista em Extinção na Administração Centralizada e dá
outras providências.
PROC. 1774/93 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR
DO LEGISLATIVO Nº 25/93, do Vereador Antonio Hohlfeldt, que regula o artigo
150 de Lei Orgânica Municipal e dá outras providências.
PROC. 2052/93 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 106/93, do Ver. Milton Zuanazzi, que denomina Rua Amarante
de Freitas Guimarães um logradouro público localizado no Bairro Belém Novo.
3ª SESSÃO
PROC. 1626/93 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO N° 87/93, do Vereador João Dib, que estabelece a
obrigatoriedade da informação dos cálculos das reposições salariais dos
municipários e dá outras providências. Com Substitutivo nº 01.
PROC. 1767/93 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº
21/93, de autoria do Ver. Elói Guimarães, que concede o título honorífico
de Cidadão Emérito ao Sr. João José de Assis Machado.
PROC. 1917/93 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO
Nº 54/93, que cria duas FGs de Diretor de Escola de 1° Grau Completo, duas
de Vice-Diretor de Escola de 1° Grau Completo, no Quadro do Magistério
Municipal, duas de Secretário de Escola I, no Quadro da Administração
Centralizada e dá outras providências.
PROC. 1782/93 - PROJETO DE EMENDA À LEI
ORGÂNICA Nº 78/93, do Vereador João Motta, que altera o artigo 150 da Lei
Orgânica Municipal.
PROC. 2766/91 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 238/91, do Vereador Clóvis Ilgenfritz, que denomina Praça
José Luiz Carneiro Cruz um logradouro público, no Bairro Mato Sampaio. Com
Substitutivo nº 01.
PROC. 1770/93 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO
Nº 47/93, que autoriza o Executivo Municipal a abrir créditos suplementares
no valor de Cr$ 150.660.000.000,00 e dá outras providências.
PROC. 1787/93 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº
22/93, da Vereadora Helena Bonumá, que autoriza a Câmara Municipal de Porto
Alegre a editar uma publicação destinada a orientar sobre prevenção contra AIDS
e discriminação de seus portadores.
PROC. 1855/93 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 97/93, do Ver. Antonio Hohlfeldt, que denomina Praça Oswald
de Andrade um logradouro público localizado no Bairro Santa Tereza.
PROC. 1962/93 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 99/93, do Ver. Isaac Ainhorn, que denomina Rua Waldemar
Canterji um logradouro público localizado no Bairro Boa Vista.
PROC. 1938/93 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO
Nº 56/93, que declara de utilidade pública a Fundação GAIA.
PROC. 1956/93 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO
Nº 57/93, que declara de utilidade pública a Sociedade Humanitária Padre
Cacique.
PROC. 1964/93 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO
Nº 58/93, que autoriza a permuta de imóvel próprio municipal, localizado
onde existia o leito da Rua Bernardino Bernardi, por imóvel de propriedade da
Empresa Ruas Amantino e Cia. Ltda.
PROC. 2031/93 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO
Nº 59/93, que declara de utilidade pública o Centro de Apoio a Atividades
Econômicas e informais “Ana Terra”.
O SR.
PRESIDENTE: Não há inscrito para discutir a Pauta. Passamos ao Período de
GRANDE EXPEDIENTE
Com a palavra o Ver. Luiz Negrinho.
O SR. LUIZ
NEGRINHO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vou procurar ser o mais breve
possível. Em primeiro lugar, quero aqui de público parabenizar a iniciativa do
Presidente aqui desta Casa, Wilton Araújo, em agilizar, como está fazendo, a
área de esportes para o GECAPA. Desde o início nós estamos tentando fazer um
campo de futebol - 7 aqui onde na sexta-feira nós jogamos. Agora, com a
iniciativa do Presidente eu acho que vamos conseguir concretizar esse nosso
sonho. Vou aproveitar a oportunidade para, mais uma vez, dirigir-me ao Líder da
Bancada do PT, porque novamente, no final de semana, nos campos de futebol onde
tenho participado, há uma insistência muito grande a respeito da Secretaria de
Esportes. Eu tenho já o projeto, como já havíamos combinado, o senhor já meu
deu a cópia, mas eu queria fazer uma pergunta: Nós não poderíamos tentar trazer
a Plenário para resolver-se de vez esse problema? Porque há uma expectativa até
no organizar um cronograma de um campeonato. Nós não temos um estádio municipal
e estou encaminhando, através desta Casa, uma sugestão para se implantar um
parque esportivo municipal lá na região Sul, no Cristal. É com esse sentido que
quero aproveitar aqui o Grande Expediente e dizer ao Sr. Presidente, Wilton
Araújo, a forma eficiente com que vem tratando em agilizar a vontade dos
funcionários, deste Vereador e dos demais que participam do futebol, na questão
do campo aqui atrás. Quando soube da iniciativa do Sr. Presidente fiquei
bastante feliz.
Aproveitando o tempo, vou voltar a um assunto que
já está se tornando muito contínuo, que é em relação às Obras do Orçamento
Participativo. No final de semana, lá no Cristal, teve uma equipe do DEMHAB que
está tentando solucionar um problema, que é a regularização fundiária do núcleo
da Caí que, diga-se de passagem, está muito bem encaminhado. Mas também temos
outros assuntos, como, por exemplo, a canalização da Av. Caí, pois qualquer
chuva alaga todo o núcleo. Não sei qual o caminho legal que poderíamos usar
nesta Casa no sentido de darmos uma agilizada nesses pedidos do Orçamento
Participativo que são de 91. Sequer fizeram os de 92 e já estão elaborando os
de 94. Fico preocupado, pois vamos esperar o início de um ano eleitoral para se
iniciar esses obras e no ano propriamente dito essas obras estarem em
andamento. É um artifício, é uma artimanha.
O Sr. Pedro
Américo Leal: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ilustre
Vereador, V. Exª foi muito inteligente e preciso na terminologia. É uma
artimanha o Orçamento participativo. Conseguiu colocar freio e bridão no Poder
Legislativo. O Vereador perdeu o poder. O Executivo reúne o bairro, exatamente
o contingente que o Vereador deveria zelar e trabalhar. É uma exorbitância. Só
que não vi ninguém protestar neste Plenário. É a dialética política, que
substitui a palavra pela idéia. Fomos completamente ludibriados e o Poder
Legislativo está devassado, empobrecido e está discutindo para exercer sua
função. Essa função é nossa, não é do Executivo.
O SR. LUIZ
NEGRINHO: Concordo com o Senhor. Nós que trabalhamos na comunidade e eu,
como Vereador, nossos Pedidos de Providência encaminhados têm sempre o mesmo
termo: “O Vereador deve procurar a comunidade, os delegados para fazer o
pedido”. Não questiono essa questão. Questiono as questões que são prioridade.
Pelo que tenho conhecimento, a Av. Jacuí, que já foi uma das privilegiadas na
minha gestão, está recebendo mais 500 metros da pavimentação em uma área
totalmente rochosa, sem nenhuma habitação que fará uma ligação para que,
futuramente, o ônibus passe por ali. Então, fico preocupado, pois já falei com
algumas pessoas do PT, especialmente com o Embaixador, o Líder da Bancada e
propriamente com o Prefeito que a minha rua tem 80 metros de canalização - Eu
já fiz o pedido, foi um dos primeiros pedidos, na frente da minha Casa e nós já
estamos no mês de agosto. Os moradores, quando a gente se reúne no Centro
Comunitário, me dizem: “Negrinho, não acredito que vais conseguir resolver
alguma coisa aqui no bairro, porque na tua rua tu não consegues resolver. “Aí,
eu lembro a eles que na minha gestão como Presidente da Associação do Bairro
Cristal, canalizei doze ruas, e por ter canalizado essas ruas por iniciativa
própria, sofri dois processos. (Apartes anti-regimentais.) Na verdade, Ver.
José Gomes, até entendo seu ponto de vista, mas, com a iniciativa, eu terias
todas as condições, hoje, de canalizar aqueles oitenta metros de rua na frente
da minha Casa. Agora, eu pergunto: vou, novamente, ser processado criminalmente
e civilmente por estar fazendo um bem social? Não é por estar na frente da
minha Casa, mas é porque ali existe uma vila. (Aparte anti-regimental.)
Vereador, eu gostaria de concluir o meu tempo, até porque não quero exaltar os
ânimos no início dos trabalhos. Então, apenas para fazer esse relato e que,
realmente, a Câmara, nós Vereadores da oposição, ou os do Governo, que
comecemos a achar um caminho para resolver isso, porque se por iniciativa
própria não posso resolver isso, estou proibido de fazer uma canalização na
frente da minha Casa e o poder público não quer fazer, porque nas prioridades
feitas pelos representantes não consta a canalização, pergunto: qual o caminho
que devo procurar para canalizar os 80m de esgoto que tenho na frente da minha
Casa?
O Sr. José
Gomes: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Estou ouvindo
atentamente e sou solidário com V. Exª nas suas observações. Mas, quero deixar
claro que o Orçamento Participativo é um órgão consultivo da sociedade, onde
ela vai deliberar e dizer o que vai ser feito. Não existe aí, nobre Vereador,
nenhuma tentativa do Poder Executivo de menosprezar esta Casa, pois as decisões
são tomadas por esta Casa.
O que não aceitamos são apartes como os do Vereador
Pedro Américo Leal, tentando impor a sua metodologia de trabalho e de aplicação
política de que “é dando que se recebe”. Não aceitamos isto. E sabemos que V.
Exª também não concorda com isso.
(Apartes anti-regimentais.)
O SR.
PRESIDENTE: V. Exª pode concluir, o seu tempo está esgotado, Ver. Luiz
Negrinho.
O SR. LUIZ
NEGRINHO: A minha preocupação já denunciei aqui e estas denúncias em
relação às prioridades que não são necessárias ao bairro Cristal terão
continuidade. Essas denúncias foram em vão. Quero saber qual o caminho legal
que podemos tomar, através desta Casa, para saber se aquelas prioridades
projetadas para esta gestão são, realmente, as prioridades que o bairro
precisa. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra a Verª Maria do Rosário.
A SRA. MARIA
DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o que me traz à tribuna, hoje,
neste período, é discutir com os senhores a situação em que se encontra o País
quanto à ameaça de intervenção, inclusive territorial, na região amazônica.
Parece-me que vivemos num período em que é importantíssimo estarmos alertas. O
PC do B, em novembro de 1991, em nota da sua direção central, já alertava que
se encontra em marcha um plano que atinge seriamente os fundamentos da Nação
Brasileira. Um plano aplicado nos países do Terceiro Mundo, que se entrosa com
a estratégia mundial do imperialismo, particularmente do imperialismo
norte-americano. Deste plano fazem parte essencialmente elementos que buscam a
reorganização do Estado Nacional, a desarticulação do Exército Nacional e
barram qualquer possibilidade de desenvolvimento econômico, independente de
avanço cultural e de conhecimento científico no nosso País. O imperialismo
projetado para o Brasil dos nossos dias, a tentativa de desarmar qualquer
resistência a uma possibilidade de agressão e a subordinação completa da nação
aos interesses internacionais. Eu digo isso, senhores, porque todos nós nos
posicionamos pela punição rigorosa dos culpados pelo genocídio acontecido contra
o povo Ianomâmi. O ataque ao povo Ianomâmi é um ataque à humanidade, é um
ataque ao direito de existir como uma população com suas características
particulares. No entanto, essa situação, a inoperância do governo não pode
justificar em momento algum as tentativas de internacionalização da Amazônia,
de ocupação do território amazônico por parte dos interesses internacionais. Em
maio último, cerca de duas centenas de soldados norte-americanos estiveram
fazendo exercícios militares na selva amazônica, a 40 km da fronteira com o
Brasil. É preciso estar alerta. Os princípios fundamentais da unidade
territorial do Brasil e da Nação brasileira estão ameaçados por estas manobras
que se configuram como uma ameaça ao povo e ao País. A presença militar
norte-americana em toda a extensa periferia da Amazônia, se constitui em ponto
de estratégia americana, estratégia que vem sendo desenvolvida de variadas
formas, quando a Amazônia passou a ter uma importância muito interessante, e a
ter, também, sobre ela, a cobiça especial dos monopólios internacionais, por
possuir o maior banco genético do mundo. Esse alerta se faz necessário neste
momento, particularmente quando, no início do mês de junho, a ONU realizou uma
reunião internacional em Viena para discutir pretensamente os direitos humanos.
Pois essa reunião realizada em Viena teve, como um dos pontos, uma proposta do
Governo norte-americano, cínica proposta, de que se acabe com o atual conceito
de soberania nacional e se passe a defender nos países que, segundo seus conceitos,
não resguardam os direitos humanos, o direito de ingerência. Este é o direito
da bota norte-americana dentro do nosso País. Nós queremos dizer, em nome do PC
do B, que é preciso responsabilizar o Governo Brasileiro, que se busquem
soluções para que os direitos humanos sejam uma verdade neste País, para que os
povos indígenas possam viver com liberdade e direitos garantidos no Brasil,
para que nós não vejamos a situação da Candelária, para que não vejamos a
situação de milhares de pessoas morrendo de fome a cada dia. É preciso buscar
justiça social, mas que não venha o Governo Norte-Americano se fazer de
baluarte da justiça social, os mesmos que promoveram a Guerra do Vietnam; os
mesmo que promoveram a agressão ao Iraque; os mesmos que promoveram o bloqueio
desumano ao povo cubano. Não existe, do nosso ponto de vista, qualquer moral,
qualquer ética no Governo Americano para falar aos povos do mundo sobre
direitos. Mas, deve existir, no nosso País, muito alto, o direito da soberania,
o direito da justiça social e a exigência de que o povo brasileiro tenha os
seus direitos garantidos. Quero dizer aos Senhores que a Bancada do PC do B, em
meu nome e o Ver. Milton Zuanazzi, protocolamos, nesta Casa, um convite ao
Coronel Bertier, homem que conhece a situação da Amazônia, no sentido de que
ele venha a esta Casa apresentar aos Srs. Vereadores e ao povo de Porto Alegre
a situação de defesa da Amazônia, que nós e o Ver. Milton Zuanazzi, em
conjunto, estamos encaminhando à Mesa da Casa.
O Sr. Gerson
Almeida: V.Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Cara Verª
Maria do Rosário, eu a estou ouvindo atentamente. Acho que é um tema da maior
relevância o que traz à tribuna, porque, sem dúvida, os Estados Unidos,
especialmente, nos últimos anos, tem retomado o seu vigor imperial sobre o
mundo. Portanto, pertinente. Entretanto, quero alertar-lhe que recebi em meu
gabinete acredito que todos os Vereadores tenham recebido, um folhetim que
tratava desse mesmo tema, de uma entidade que eu não conheço e que usava termos
tipo “quer desarticular o Exercito Nacional”, por isso me lembrei porque foi um
termo que também no teu pronunciamento usastes ou “resistência a possíveis
agressões” e tantas outras coisas, inclusive acusava os ecologistas, o
Movimento Ecologista Internacional de ser um braço, então, só queria ter
cuidado porque esses argumentos são os argumentos que os militares usaram em
algumas partes, não quero, a tua conotação é completamente diferente, usaram
para justificar ações militaristas de ocupação militar na Amazônia e em outros
lugares, que o Movimento Democrático não poderia se confundir com isso. A luta
contra o imperialismo não poderia se confundir com isso. Só faço esse alerta.
A SRA. MARIA
DO ROSÁRIO: Vereador, certamente o que o Vereador levanta é importante,
mas, no nosso ponto de vista, a articulação internacional, no sentido de
configurar um novo Estado Nacional, rompendo com o conceito de soberania e
independência dos povos, passa, inclusive, pela desarticulação do Exército
Nacional em todos os povos.
Para não deixá-lo sem uma opinião nossa sobre isso,
quero dizer que não se confunde a nossa posição com articulações golpistas ou
posições essas ou aquelas do exército com o qual resguardamos as nossas
diferenças. No entanto, o Exército Nacional é fator, hoje, para os povos do
mundo, de soberania e, inclusive, o parlamento boliviano aprovou nessa semana o
direito de ignorância do exército norte-americano dentro do seu País. A
possibilidade de tropas americanas estarem dentro da Bolívia passaram pelo parlamento
boliviano, e não queremos ver essa situação. Queremos o Exército com o seu
papel de guardar as fronteiras nacionais, queremos esse papel,
fundamentalmente, de resguardo da soberania. E nesse sentido fizemos o alerta.
O Sr. Pedro
Américo Leal: V.Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) A ONU
acaba de encaminhar uma declaração de autodeterminação dos povos indígenas de
todo o mundo, orientada pelos Estados Unidos, pelo grupo dos sete. Isso quer
dizer que, futuramente, os povos indígenas poderão declarar sua própria
independência. Somente a reserva Ianomâmi possui de riquezas minerais o
equivalente a um PIB dos Estados Unidos, são quatro trilhões e trezentos
milhões de dólares. Isso coloca o Brasil no primeiro mundo em doze meses, e o
que eles desejam é a imobilização porque não desequilibra a balança
internacional de cassiterita e de outros minerais atômicos; ficando no solo é
lucro.
A SRA. MARIA
DO ROSÁRIO: Nesse sentido, senhores, essa é uma questão de fundo e uma
Câmara de Vereadores comprometida com os interesses nacionais e da população
brasileira deve discutir essas questões em alerta à população do seu Município,
somando-se, no sentido de garantir que a população brasileira seja o foco
principal de resistência às investidas imperialistas. Era isso. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Pedro Américo Leal.
O SR. PEDRO
AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. O assunto é muito complexo,
tanto que o Ver. Gerson já pediu um aparte para lembrar à ilustre Ver.ª Maria
do Rosário que poderiam ocorrer incursões nas áreas de destruição de reservas
ecológicas por aqueles que não desejam explorar a riqueza amazônica, seja
devassada e desvirtuada.
Repentinamente, nós ficamos entre dois fogos. Vamos
conservar o tal “pulmão” de oxigênio, que não é pulmão coisa alguma, simples
invenção. A selva amazônica não é o pulmão do mundo coisa alguma!
Ficamos entre dois fogos, pois o Projeto “Calha
norte”, que foi idealizado pelo ex-comandante do Comando Militar do Sul, meu
querido amigo Gen. Rubens Bayma Deniz, foi completamente esvaziado. O Projeto
Calha Norte está parado. Por que está parado?
A transferência de brigadas de selva para lá
encerraram a operação. É que o povoamento, a ocupação daquela área, não
interessa ao grupo dos sete países que dominam o mercado internacional, de
minérios atômicos e de reservas minerais. Esta luta não é, absolutamente,
prioridade do PT, nem do Partido comunista. São preocupações das Forças Armadas
do Brasil, que não têm Partido. Elas zelam pelo território nacional. E V. Exas
devem ter presenciado uma grande campanha de esvaziamento das Forças Armadas,
logo depois da guerra com o Iraque, com o Oriente Médio, com Sadam Houssein,
quando todos os comandos da Inglaterra, da França, da Itália, dos Estados
Unidos apregoavam não ser preciso haver Forças Armadas em país algum. Eles
atendiam a domicílio.
Eu, há dois anos, sustento em televisões e em
rádio, muito antes de ser eleito Vereador, que isso não podia ser admitido. O
Brasil tem que ter Forças Armadas, porque a Força Armada não é apenas uma tropa
de choque, no que queriam nos transformar. Em uma tropa altamente
especializada, tropa de choque. Nós somos fator de integração nacional, temos
que estar em todo o Brasil. Em Surucucu há um pelotão. Agora mesmo indo a
Polícia Federal, a sede de todas as operações será lá. Inclusive para um
canadense, para um americano que não sei porque vieram para cá. Quem é que
chamou o canadense e o americano? Quando eles trucidaram gente em Los Angeles
nós mandamos gente para lá? Em Johanesburgo quando mataram cento e quatorze
negros, nós mandamos gente para lá? O que é que eles vem fazer aqui? Ninguém os
chamou. Vêm sob a bandeira da anistia internacional, por isso é que o Ver.
Gerson Almeida já se agitou, porque ele teme que os direitos humanos sejam
profanados. Assim, da Bahia para cima, é um Brasil que ninguém toca. Coalhado
de missionários estrangeiros. A Amazônia deve ser indevassável, reserva do
mundo. Esta luta não é uma prerrogativa do PT, nem do PC do B. As forças estão
acima disso. Tanto que num dos programas que fiz há um ano e meio na TVE, logo
após sair do programa, fui abordado por dois próceres do Partido Comunista do
Brasil. Eu não os conhecia e eles vieram nos procurar, chamando de Coronel,
pois na época eu não era Vereador, dizendo: Coronel, nós não vimos ninguém
fazer isso, onde é que estão os nosso homens? Respondi dizendo que não só lhes
dou documentos do Serviço Secreto, como também solicito que os senhores me dêem
os seus. Os senhores vão dizer o que eu estou falando, porque eu vou dizer o
que estou fazendo com os senhores aos meus companheiros, se trata de Brasil.
Nós temos que defender a nossa Pátria, independente de tendências ideológicas.
Outro dia estava aqui neste Plenário um destes dois elementos que haviam me
procurado declarando que iria me procurar em outra oportunidade. Eu entendo,
ele é comunista mas é brasileiro. Ele sente o perigo. Está chegando à conclusão
de que as Forças Armadas são fator de integração. As Forças Armadas não têm
partido! Zelam pelo território nacional. Não querem ver o Brasil invadido. Não
querem ver o Brasil profanado!
Ilustre Verª. Maria do Rosário, V. Exª tem razão:
nós temos que dar apoio às Forças Armadas! O Projeto Calha Norte tem que
renascer, tem que ser alimentado! Temos que ocupar a Amazônia! Nós não temos
radares suficientes para fazer com segurança de vôo a cobertura aérea! O
Projeto SIVAM tem quatro radares! Nós precisamos de vinte e oito radares para
dar as condições de tráfego aéreo para as companhias comerciais. E não damos!
Eles não deixam! Eles nos atrapalham! Eles nos prejudicam! É por isto que ouço
com muita satisfação esta tomada de posição de uma Vereadora comunista
constatando que o Exército Brasileiro, a Aeronáutica e a Marinha não têm
partidos! É segurar o Brasil e não deixar ninguém devassá-lo e nem tomá-lo.
Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Dilamar Machado, por cedência de tempo do
Ver. Mário Fraga.
O SR.
DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu vou pedir desculpas
aos Srs. Vereadores por não tratar de assunto nem do Governo do Estado e nem da
área federal e nem dos conflitos internacionais. Mas, humildemente, como
Vereador de Porto Alegre, vou me ater a assunto de Porto Alegre. Talvez vá
causar estranheza à Casa que, ultimamente, tem-se dedicado muito crescente e
permanente a assuntos de fora do Município. Mas eu moro em Porto Alegre, tenho
que fiscalizar o Governo do Município, e vou falara sobre uma questão de Porto
Alegre.
Eu quero, inicialmente, dizer aos companheiros do
PT que este material que tenho em mãos não me foi entregue pela PM-2, para que
depois não digam que sou integrante da PM-2. Ele foi-me entregue pelas
lideranças comunitárias da Zona Norte, que receberam do DEMHAB um relatório
chamado: Histórico das Atividades Desenvolvidas pelo DEMHAB na ocupação do
IPÊ-São Borja.
Eu sei que muitos Vereadores desta Casa, e o Ver.
Verle é um deles, a Verª Maria do Rosário foi outra, eu fui outro, não sei que
outros companheiros foram procurados por essas famílias que ocuparam área do
IPÊ, a partir de 2 de março deste ano, que vieram pedir apoio à nossa Câmara
Municipal. Acho que a CUTHAB se mexeu, através do próprio Ver. Mário Fraga e
demais integrantes, a Presidência da Casa, as Bancadas, para tentarem uma
solução. Eu mesmo fui ao Governador Collares, fui ao Presidente da COHAB, fui
ao Presidente do IPÊ, fui ao Secretário Jorge de Biaggi para tentar aquele
acordo possível, através do fundo de desenvolvimento social, que é aquele
recurso criado com o aumento da alíquota do ICMS em mais 1%, e que repassa
recursos ao Município para a construção de casas populares ou urbanização de
lotes.
Tenho analisado muito, companheiros do Partido dos
Trabalhadores, a ação política do PT. Primeiro, eu vou dar razão ao Ver. Luiz
Negrinho; neste relatório de atividades do DEMHAB com relação a reassentamento
de milhares de famílias não se fala em orçamento participativo em nenhum
momento. Nesta questão não interessa o orçamento participativo.
Este documento, eu dizia aos próprios companheiros
Vereadores do PT que não o conhecem, é uma preciosidade. Vou tirar cópia e vou
dar a todos os companheiros do Partido dos Trabalhadores.
Entre alguns tópicos, há um que é,
indiscutivelmente, fantástico. O organograma do DEMHAB prevê, Ver. Guilherme
Barbosa, para o dia 26 de agosto, conseqüentemente, na próxima quinta-feira,
uma reunião com as entidades para definir o reassentamento da ocupação IPÊ/São
Borja, apresentando o processo, os critérios e o projeto de realização da
infra-estrutura. Participação: FRACAB, UAMPA, SFH, que eu não sei que sigla é
essa, quem souber ajude-me, pode ser Sistema Financeiro de Habitação, com erro
na grafia, CUTHAB, que é uma Comissão da Casa, PT, Vereadores do PT - está escrito
-, e outros partidos. Os outros somos nós, os demais. O resto. E, mais MLM.
O Sr. Guilherme Barbosa: (Aparte anti-regimental.) É Movimento de Luta pela Moradia (MLM).
O SR.
DILAMAR MACHADO: Obrigado Vereador, não sabia. Mais Movimento de Justiça e
Direitos Humanos; Subsecretaria de Habitação da Assembléia Legislativa e
Imprensa. Dia 26.
E aqui, Ver. Guilherme Barbosa, está o Projeto do
DEMHAB. Programa de Lotes Urbanizados, Habitações Populares, ocupação IPE-São
Borja -, Áreas de Risco, Zona Norte, Projeto PDS (Fundo de Desenvolvimento
Social do Governo do Estado), Programa Estadual de Habitação Segurança e Saúde,
Sub-Programa Habitação, Administração Popular e DEMHAB e COHAB.
Quero dizer aos companheiros do PT que tive o
cuidado, hoje pela manhã, de entrar em contato com o Secretário Jorge Debiaggi
e com o Presidente da COHAB. Quero fazer um apelo ao Prefeito Tarso Genro,
através do nosso amigo Adaucto Vasconcellos. Eu conheço uma velha piada: Um
cidadão israelita, muito velho dizia: “Senhor me ajuda a ficar rico. Me faz
ganhar na loteria.” Aí um dia ele ouviu uma voz que dizia: “Isaac quero te
ajudar, mas compra um bilhete pelo menos.”
Então, o que eu quero pedir ao Prefeito Tarso Genro
é que ele compre um bilhete, pois já conversei com o Governador Alceu Collares,
várias vezes, sobre essa questão.
Fiquei sabendo, hoje, Ver. Henrique Fontana, que
existe no Fundo de Desenvolvimento Social do Governo do Estado, hoje, recursos
para a Prefeitura de Porto Alegre construir 500 unidades habitacionais imediatamente.
Neste momento. E olha que 500 casas populares não irão resolver o problema da
Cidade! Mas resolvem de todas as áreas de risco da Zona Norte. Incluindo lá a
Tio Zeca, Areia e tantas outras vilas, que tem ali uma centena de famílias.
Famílias que moram ali na Dique.
Agora, ocorre o seguinte: até a presente data, a
Prefeitura Municipal de Porto alegre não ingressou com nenhum pedido de recurso
no fundo de desenvolvimento Social, junto ao Governo do Estado. E hoje tem uma
reunião, por isso liguei para o Secretario, para dizer para acelerar o Projeto
do Governo Municipal, que está escrito aqui, pelo DEMHAB, que foi entregue,
projeto ao fundo de Desenvolvimento Social, em 04 de agosto de 1993. Porém, não
foi. Não há registro nenhum na Secretaria de Obras, nem do FDS, de entrega
desse projeto. Como funciona esse projeto? A Prefeitura precisa ter um terreno
legalizado, ou seja, escriturado, propriedade da Prefeitura. É a quota de
participação do Município. Ela entrega o terreno. O Governo do Estado repassa recursos
para infra-estrutura que inclui luz, água, esgoto, arruamento, meio-fio e
construção das casas. Conseqüentemente a participação do Município não é
pequena, mas é bem menor, até porque os recursos são do ICMS e o projeto e a
lei foram criados para atender essa demanda.
Agora o que eu estranho, Ver. Henrique Fontana, é o
histórico das atividades desenvolvidas pelo DEMHAB, para a ocupação do IPE, em
São Borja.
Primeiro: é um absoluto desprezo e pela Câmara
Municipal; a Câmara não existe. Isso aqui é um histórico de reuniões, em que
Câmara Municipal, e pasmem, o orçamento participativo, foram desativados,
desconhecidos, pela administração, não só do DEMHAB, como da Prefeitura
Municipal. Aqui fala em várias Secretarias. Eu estou de acordo. Participei de uma
executiva. Acho que reunir a SMOV, o DMAE, o DEP, o DMLU, a SMED, a SMAM, o
Prefeito, o Vice-Prefeito, em favor dessas famílias desassistidas,
desamparadas, é uma boa medida. Não se pode desconhecer um esforço conjunto.
O que está ocorrendo no IPE é que abriram as portas
da ocupação e, hoje, devem ter mil famílias amontoadas naquela área. O Projeto
do DEMHAB, Ver. Guilherme Barbosa, é de assentar trezentas daquelas famílias.
Aí começa o grande nó. Qual é o critério? Quais dessas trezentas famílias serão
assentadas m uma área na Zona Norte, parece-me no Rubem Berta, que foi
declarado, recentemente, de utilidade pública para fim de desapropriação. É uma
área pertencente, se não me engano, ao Sr. Jacob Knijnik. Dizem que há uma
negociação direta com o proprietário. Esta área foi declarada de utilidade
pública, será desapropriada e, conseqüentemente, será pago ao proprietário o
valor dessa área, para que o DEMHAB possa assentar trezentas famílias, dessas,
cerca de mil que estão na área da Vila São Borja.
E, para encerrar, o que eu ouvi hoje das Lideranças
comunitárias, aqui, na Câmara Municipal. Foi dito, por pessoas ligadas ao
movimento comunitário do DEMHAB, o seguinte: “nós vamos escolher trezentas
famílias, vamos assentar nesta área que estamos comprando, não queremos saber
do Governo do Estado” e ante a pergunta: - E as demais? Responderam: “Isso é
problema de vocês”, nós queremos ver o Collares e a Brigada Militar irem
despejar vocês.
Se o PT continuar agindo assim politicamente, eu
não estou aqui para fazer previsão catastrófica e nem apocalíptica, mas se
continuar assim o PT vai passar de Juiz, de jurado a algoz dos próprios
companheiros do PT. Ver. Fontana, se o Presidente me permitir eu encerro a
minha participação para ouvi-lo, pelo respeito que tenho pelo companheiro.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Milton Zuanazzi.
O SR. MILTON
ZUANAZZI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu sou obrigado a contrariar um
pouco o Ver. Dilamar usando as palavras do Ver. Dilamar, quem sabe está havendo
uma falta de diálogo entre o nosso Executivo Municipal Estadual e nós,
Vereadores da Bancada do PT e do PDT, podemos suprir. Há alguns programas em
nível estadual como esse da questão da moradia, há o programa das pavimentações
de estradas, lançado pela Secretaria Estadual dos transportes e esses dias, em
uma audiência com a comunidade da minha terra, descobri o programa. E Porto
Alegre, onde está nisso? Entrei em contato o Adauto, marquei uma audiência com
o Secretário Estilac, Diretor-Geral do DAER. Essa audiência foi desmarcada por
motivo de viagem. Foi remarcada uma nova data, mas o Secretário Estilac não
compareceu. O programa está comigo, Porto Alegre tem direito a, até 10 ou 11
km, fazer uma estrada de pavimentação de pedras irregulares. Temos várias
necessidades nesse âmbito, principalmente quem anda na zona rural de Porto
Alegre. Disse-me o Prefeito Tarso Genro que a Lomba do Pinheiro está com
previsão de ser asfaltada e pavimentada; ali esse problema estaria resolvido.
Mas há a estrada Cristiano Kramer, a Edgar Pires de Castro, o Passo da Taquara,
a Estrada das Quirinas, a Estrada da Ponta Grossa, que não está concluída, a do
Retiro da Ponta Grossa. E a Prefeitura de Porto Alegre e o Estado entrariam com
65% do valor dessa estrada, algo que não podemos perder. Está, hoje, toda essa
documentação no meu gabinete. Permito-me entrar na questão local, antes de
entrar na nacional. Espero que Porto Alegre aceite esse registro.
Volto à questão dos índios ianomâmis. Não me parece
que seja um tema que não nos interesse, muito pelo contrário. Disse muito bem
aqui o Ver. Pedro Américo Leal: a ONU acabou de tirar uma resolução que pode
vir a tornar as nações indígenas independentes. E por incrível que pareça, com
o aplauso de setores importantes dentro do nosso País. Tornar os territórios
das nações indígenas independentes serve a quem? A que interesses estratégicos?
Aos nossos, um país subdesenvolvido, na miséria? Ou aos interesses dos países
desenvolvidos? Depois que essas nações forem independentes, quem as dominará?
Quem as controlará, quem as protegerá? Isso não vem sozinho: vem exatamente no
momento em que há todo um projeto de destruição das Forças Armadas da América
Latina, de um projeto de privatização absurdo, sem qualquer critério,
destruição do Estado Nacional. Está aí na Argentina, no México, no Brasil,
presentemente, a doação do aparelho estatal, sem qualquer critério, sem
qualquer projeto do que fazer com o aparelho estatal. Está aí a incipiente
industrial espacial, ou aeroespacial brasileira, completamente sucatada. Esses
dias o Sr. Osíris Silva disse que só privatizando a EMBRAER. Está aí um
conjunto de ações concretas que resultam nesse episódio. Será que esses
garimpeiros - parece que está provado que foram garimpeiros que fizeram a
chacina - fizeram só por sua conta própria? Temos que aprofundar a busca para
sabermos quem fez essa chacina e a mando de quem. Será que isso não foi feito
para chamar a independência do território indígena na discussão da Organização
da Nações Unidas? Uma chacina que abala o mundo não é para chamar a atenção? A
ONU, há muito tempo, deixou de ter um papel de independência, de amizade, de
interpelação entre povos. Esses dias mandou prender um líder revolucionários na
Somália. Quem é a ONU para mandar prender? Que poder é esse que manda prender
para justificar a entrada do exército norte-americano na Somália e prender um
líder guerrilheiro? Como é que a ONU pode retirar uma resolução desse porte? E
nós permanecemos calados, como se nada estivesse acontecendo. Depois da Guerra
Fria a ONU se transformou nisso: uma representante oficial do capital
internacional. Ela esta aí com um política declarada para a América Latina. Só
não vê quem não quer. Uma política de destruição do nosso Estado Nacional e dos
nossos potenciais. Então, nessa questão dos índios Ianomâmis, é profundamente
necessária uma verdadeira verificação e uma proteção para aquelas áreas. Só
numa área protegida é que nós poderemos saber quem está fazendo essas ações:
simples garimpeiros, gaúchos, paranaenses, mineiros em busca do ouro. Ou será
que aquilo é uma ação armada estratégia para criar essa polêmica, esse debate,
para propiciar que a ONU mantenha a resolução da independência dos territórios.
Eu sei que a Verª Clênia Maranhão está tramitando uma Moção de Repúdio, e eu
disse a ela: assino depois que discursar. Não vou assinar qualquer moção em
branco. É claro que concordo com a Moção e quero a apuração dos fatos, mas não
vamos nos limitar pensando que apurando os fatos e encontrando meia dúzia de
garimpeiros estamos resolvendo o problema, porque não estamos. A questão da
Amazônia brasileira é o refluxo da falta de uma reforma agrária que deveria ter
sido feita há um século e que, agora, ocasiona este tipo de invasão
completamente desregulada na Amazônia, Rondônia e Roraima. Estão lá milhares de
gaúchos. Nós sabemos que até parentes nossos estão lá. Está lá, em jogo, a
questão da biodiversidade, da biotecnologia. Este é o potencial do
desenvolvimento do Brasil. Nós não somos Cuba, que é uma ilha pequena no
Atlântico, que se desenvolveu e domina, hoje, a biotecnologia. Nós teríamos
condições não só dominar, mas de ter mercado para ela, ao invés do que acontece
com a Ilha do Fidel, que já domina a biotecnologia, mas não tem mercado. Nós teríamos
mercado, pois a Amazônia é um potencial disso. Não pode haver um projeto nosso
em que sequer possamos pensar que a Amazônia brasileira pode estar negociada.
Agora há pouco estivemos com o Prof. Mangabeira, e
aproveito a oportunidade para informar que haverá um debate com a Prefeitura
Municipal, no Gasômetro, hoje à noite; com a Universidade, amanhã; com a
FEDERASUL, depois de amanha, e com o meu Partido amanhã à noite. Estávamos
conversando com o Prof. Mangabeira, e ele dizia que a política norte-americana,
garantida que está na América, com a destruição dos estados, com o fim das
forças armadas, está pouco ligando para nós, e ele até dizia que isso é bom,
pois eles estão preocupados com a Ásia, com a ex-União Soviética, com aqueles
novos mercados, com a China, com os “tigres”. Eles estão com o Presidente Menen
de plantão, sendo mais realista do que o rei, fazendo tudo o que eles querem, e
aqui no Brasil uma elite aprovando e aplaudindo o que está acontecendo. Então,
que preocupação tem eles conosco? Nenhuma. E se eles tem preocupação conosco, é
porque as coisas não andam bem. Nós estamos perdendo a capacidade de fazer
política de transformação neste Pais. É por isso que uso esta tribuna neste
sentido, porque não podemos perder a capacidade de exercermos, politicamente,
um papel transformador numa hora como esta. Não nos é dado este direito,
independente dos problemas da nossa Cidade, das nossas ruas e da nossa
educação. Não nos é dado o direito de passarmos desapercebidos na preparação de
uma eleição para o ano que vem, em 1994, que poderá fazer esta transformação.
Eu trago este alerta, pois a questão é realmente muito grave. Não é mais uma
simples visão nacionalista, no estrito limite do seu conservadorismo. Não é
mais a questão de que a Amazônia tem só o subsolo rico, e que querem-nos sugar
as riquezas deste subsolo. Não. É uma questão de estratégia de desenvolvimento,
que, aliás, este País esta a necessitar. E qualquer projeto passará sim,
positivamente, por uma discussão sobre a Amazônia, sobre nossos limites e
fronteiras territoriais. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Jocelin Azambuja.
O SR.
JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós vamo-nos manifestar
sobre dois assuntos que acreditamos importantes, que envolvem a questão da
criança e do adolescente. Nós já havíamos vindo a esta tribuna para falar da
nossa preocupação em relação à questão da discriminação. Vimos, hoje,
lamentavelmente, o nobre Vice-Prefeito da Capital usar a expressão, logo, já
faz parte da linguagem das pessoas no dia-a-dia neste País a expressão “meninos
e meninas de rua”, justamente quando se vem aqui criar um conselho contra a
discriminação, e aí, num momento não muito inspirado, o nosso Vice-Prefeito
usou a expressão discriminatória: “Meninos e Meninas de rua”, quando esta Casa,
por ocasião da Lei de Diretrizes Orçamentárias, já aprovou que tal expressão
deve ser substituída pela expressão “crianças e adolescentes desassistidos”, ou
“meninos e meninas desassitidos” e não “de rua”, porque “de rua” significa
justamente um termo altamente discriminatório que coloca essas crianças à
margem das relações da sociedade, as torna diferente das demais de Porto
Alegre. Naquela ocasião, inclusive, que fazíamos esta referencia, mostrávamos
uma publicação da Secretaria Municipal de Educação, do SERP, em que
apresentavam na chamada de capa a expressão “meninos e meninas de rua” para
chamar a atenção à publicação da Secretaria Municipal. Na parte interna,
estampavam uma fotografia de uma criança no Parque Marinha do Brasil com a
chamada “menino de rua tem um atendimento, agora, pela Secretaria Municipal de
Educação, pelo SERP, lá no Parque Marinha”.
O Sr. Décio
Schauren: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Jocelin
Azambuja, eu acho que a expressão, particularmente entendo que a expressão
“meninos de rua” não é discriminatória, ela apenas reflete a realidade que está
ocorrendo, e tanto acredito que não é discriminatória, porque todas as
entidades que lidam com a questão da proteção à infância e a adolescência assim
a denominam, inclusive o próprio Movimento de Meninos e Meninas de Rua, em que
meninos e meninas de rua participam e tem um papel ativo e importante, eles
próprios chamam de Movimento de Meninos e Meninas de Rua. Portanto, eu não
entendo que a expressão seja discriminatória, senão os próprios não se
denominariam assim.
O SR.
JOCELIN AZAMBUJA: Agradeço a participação do Ver. Décio Schauren, apesar de
termos idéias diferenciadas sobre o assunto, até porque a expressão “meninos e
meninas de rua” foi utilizada no Movimento Nacional, para chamar a atenção. Não
podemos desassociar que esta criança está marcada, ela é estigmatizada, é
diferente das outras, ela é “de rua” e, como tal, está sendo discriminada das outras.
Esta criança está na rua por omissão da sociedade e do poder público, mas é uma
criança como qualquer outra, que tem direito à assistência e a um lar, a uma
família, a ter um processo de educação e um desenvolvimento. Se nós começarmos
a rotulá-la... Este é grande perigo. Neste País se rotula que brasileiro é
malandro, é vagabundo e não gosta de trabalhar. Na verdade, está aprovado que o
brasileiro é um dos povos que mais trabalha no mundo, um dos que tem maior
jornada de trabalho. Este rótulo é uma inverdade. No momento em que rotularmos
crianças e adolescentes como “de rua”, estaremos transmitindo-lhes uma mensagem
extremamente negativa e não procurando ajudá-los a superar seus problemas. Por
isso, entendemos que temos continuar neste movimento e achamos que esses
movimentos que falam em “meninos e meninas de rua” vão ter que acabar. Estamos
é provocando um processo de discriminação e esses movimentos deverão rever suas
posições e mudar sua terminologia para o trato com a criança e o adolescente. Temos
que modificar essa estrutura montada em cima de chamar essas pessoas como “de
rua” e não como pessoas que estão desassistidas e que nós, como sociedade,
temos o dever de lhes dar atenção, de fazê-los avançar, integrarem-se nesta
sociedade e não ficarem estigmatizados com um rótulo. Eles precisam é ter o
nosso carinho, a nossa atenção, a atenção da sociedade e do poder público, não
de rotulá-los, pode ser mais fácil rotulá-los, até para identificá-los, mas não
é o ideal.
A Sra. Maria
do Rosário: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador,
quero cumprimentá-lo pela preocupação contra o rotular, o estigmatizar as
crianças que vivem nas ruas. Não poderia passar em branco que o Movimento
Nacional dos Meninos de Rua, particularmente a sessão do Rio Grande do Sul, tem
dado uma importante contribuição contrária à discriminação, contrária a
qualquer rótulo, uma contribuição no sentido do resgate da cidadania, da
possibilidade de respeito a essas crianças, inclusive denunciando, no nosso
Estado, de uma forma inédita, a questão das vitimas da violência, crianças que
tem sido mortas de uma forma violenta.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Agradeço à nobre Vereadora. O trabalho que as entidades desenvolvem é extremamente positivo, somente sou contra a utilização do termo “de rua”. As entidades, nós, como sociedade, o Executivo, devem prestar toda a assistência e apoio, carinho, menos rotulá-los, aí é que reside o ponto chave da questão. Não discuto o trabalho das entidades, pois é meritório, positivo, o que questiono é a rotulação, isto é que me preocupa. Estamos procurando desenvolver um trabalho de conscientização da sociedade de não rotular, de não criar expressões que possam discriminar as pessoas. Este é o grande mal que temos, o Brasil sofre com esses rótulos que lhe são colocados, que lhe são impingidos há muito tempo. A expressão de dizer que o brasileiro é malandro, é uma expressão equivocada, que se houve diariamente. Se dá um sentido de que o brasileiro é desonesto, e, ao contrário, o brasileiro é sério, trabalhador, honesto, porque senão não estaria trabalhando por cinco mil e seiscentos cruzeiros de salário mínimo, isso significa justamente um espírito de seriedade que o povo brasileiro tem, mas que não é registrado de forma positiva. Neste País se dá guarida nos meios de comunicações a expressões negativas e não, justamente, a expressões positivas. Vejam que os países desenvolvidos fazem o seu “marketing” de desenvolvimento, da sua juventude, da sua sociedade, a sua estrutura toda pautada em sentimentos extremamente positivos. Nós fazemos o contrário, procuramos rotular de negativo e, então, desenvolvemos as expressões e vamos seguindo na nossa sociedade nessa linha de raciocínio que não veio de forma positiva. Eu me recordo que os estímulos negativos que são dados a nossa sociedade são impressionantes e nós podemos ver isso todos os dias nos meios de comunicação. Não tinha uma novela que tinha um cidadão que era bicheiro, se tornou o herói, casou com a mocinha e tinha mordomo, Casa com piscina e tudo o mais? Era o estímulo ao negativismo dado como um sentimento positivo à sociedade. Era uma contravenção e tudo o mais. Ficou no Brasil que o bom é ser bicheiro, não precisa estudar, pode falar errado, não precisa ter cultura, não precisa ter educação, porque assim vai ter Casa com piscina, mordomo e ainda fica com a mocinha no final. O que mais se quer? Então, esses tipos de colocações são extremamente negativos ao desenvolvimento do nosso País e é isso que precisamos retomar e re-analisar para reformular essa mentalidade que temos hoje vigendo.
Só para encerrar, Sr. Presidente, eu quero fazer um
registro do lançamento da campanha de combate à fome e à miséria na integração
da ACPM - Federação das Associações dos Círculos de Pais e Mestres do RS, que
está mandando circular a todos os CPMs de escolas estaduais e municipais do RS
para que instalem um comitê em cada escola pública do RS. Acho que é importante
o trabalho que os CPMs estão fazendo agora, e que vai, justamente, trazer
benefícios e frutos, até se associando ao nosso próprio comitê e outros tantos
comitês que existem neste Estado. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Solicito ao Sr. Nereu D’Ávila que proceda à chamada nominal
para verificação de “quorum” e entrada na Ordem do Dia.
O SR. 1º
SECRETÁRIO: Há “quorum”, Sr. Presidente.
O SR.
PRESIDENTE: Havendo “quorum”, passamos à
ORDEM DO DIA
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 1612/93 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº
18/93, de autoria da Mesa, que cria Comissão Especial para examinar os
Projetos de Resolução nºs 01 e 14/93, que alteram e acrescentam dispositivos nº
1178, de 16.07.92 9Regime da Câmara Municipal de Porto Alegre.)
Parecer:
- da CCJ. Relator Ver. João Gomes:
pela aprovação.
O SR.
PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
De autoria do Ver. Wilton Araújo, Requerimento
solicitando que o Processo 1612/93, recém-aprovado, seja dispensado de
distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a
aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Voto de Congratulações, de autoria do Ver. José
Gomes, com o soldado Lasier Felisberto, da 2ª Companhia do 9º Batalhão de
Polícia Militar, e o Soldado Márcio Oliveira Rodrigues, da Polícia do Exército,
por terem detido e prendido Jorge Luiz da Silva Rosa, que tentou furtar do
motorista da Carris José Antonio Dias a sua sacola, no dia 28 de julho de 1993,
em Porto Alegre.
O SR. ARTUR
ZANELLA (Questão de Ordem): É possível fazer uma emenda ou adendo a esta
manifestação do Ver. José Gomes, sugerindo que todos os soldados da Brigada que
tenham prendido alguém também recebam esta homenagem?
O SR.
PRESIDENTE: Não cabem emendas a Voto de Congratulações.
O SR. ISAAC
AINHORN: Solicito destaque a este Voto de Congratulações do Ver. José
Gomes.
O SR. PRESIDENTE: Em votação. Com a palavra
o Ver. Isaac Ainhorn, pelo PDT.
O SR. ISAAC
AINHORN: Sr. Presidente, e Srs. Vereadores, eu tenho o maior respeito e
admiração pelo companheiro Vereador José Gomes, que se tem destacado como um
Vereador de grande qualidade intelectual, tem feito um trabalho excelente aqui
na Casa, não só no Plenário, como também na Comissão e Justiça, e os membros da
Comissão são testemunhos do seu descortíneo jurídico, embora não seja um
bacharel em Direito, um homem que tem uma visão preparada. Agora, neste caso
específico, fazer um Voto de Congratulação com um soldado por ter detido e
prendido um meliante numa especificidade tão grande pode fazer com que a
própria Casa, se aprovar um voto dessa natureza, caia num ridículo muito
grande, seja objeto de blague, e até não seria de todo errado, porque se nós
definirmos, no conjunto, o trabalho de uma corporação, como o Corpo de
Bombeiros, assim como a gente repudia a violência, quando existe em algum órgão
como um todo, não é cabível, Ver. José Games, nós fazermos um voto de
congratulação com uma pessoa no exercício da sua atividade legal. Se o Corpo de
Bombeiros salva uma pessoa, o que acontece no seu dia-a-dia, como instituição,
é serio, tem procedência. Agora, nós, Vereadores - eu estou aqui na 3ª
Legislatura, uma pela metade na condição de suplente; tive uma outra
Legislatura e essa é a terceira Legislatura em que sou Vereador desta Cidade, o
que muito me orgulha. Tenho dito e tenho constatado, no meu juízo individual,
que a qualidade desta Legislatura é muito grande, tem qualidade, tem
responsabilidade, tem uma presença como Instituição o conjunto dos 33
Vereadores que representam o povo de Porto Alegre nesta Legislatura. Agora, nós
sairmos por esse terreno, eu acho muito perigoso, razão pela qual faço um apelo
ao Ver. José Gomes, no momento em que faço esse encaminhamento por minha Bancada,
o PDT, faço um apelo ao nobre Vereador, para que retire esse voto de
congratulações, por hora, a fim de que possa ser melhor avaliado, até para não
colocar, de repente, uma pessoa que cumpriu com seu dever na condição de ter
sofrido uma rejeição por parte da Câmara de Vereadores. Então, faço um apelo ao
Ver. José Gomes, no sentido de não ver rejeitadas as suas congratulações, que
retire esse voto e reavalie uma forma mais abrangente de se congratular com a
Brigada, com esse soldado, com o seu trabalho, mas dentro de uma visão mais
abrangente. Essas são as considerações que eu faço, aqui, neste momento, com
respeito e admiração que tenho ao Ver. José Gomes, digo isso com absoluta
tranqüilidade, porque senão amanhã nós estaremos votando votos de congratulações
os mais desconexos, aqui dentro desta Casa. Eu me lembro, certa feita, e tem
alguns momentos – Vereador-Presidente, que já é um Vereador de quarta
Legislatura, sabe muito bem – em que temos de tomar algumas medidas para não
abrirmos precedentes. Certa feita foi feito um voto de congratulações com uma
jovem que completava 15 anos de idade, quer dizer, daqui a pouco, Vereador, se
não tivesse sido estancado, na oportunidade, aquele Voto de Congratulações, de
repente se criaria jurisprudência e chegariam carradas de votos de
Congratulações dando ciência aos seus familiares de que a Câmara tinha
registrado Voto de Congratulações pela passagem de seu 15º aniversario. É um
pouco diferente a situação. Esse cidadão estava no exercício da sua atividade
profissional e teve uma atitude louvável, uma atitude de desprendimento. Mas
acho que é extremamente perigoso para esta Casa um precedente e também
entrarmos com particularismos dessa natureza, a não ser que houvesse ali a
prática de um ato de heroísmo num determinado momento, algo que se
diferenciasse de uma situação corriqueira, de uma situação do dia-a-dia. Se
houvesse uma situação de heroísmo praticada por alguém no exercício da sua
atividade, evidentemente que esta Casa deveria registrar e deveria se posicionar.
Esse é o dia-a-dia de alguém na sua atividade profissional. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O Ver. José Gomes está com a palavra. Ele encaminha como autor.
O SR. JOSÉ
GOMES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu, a cada dia que passa e que
vivo nesta Casa, aprendo. Na realidade, esta Câmara está dando uma aula aos
novos Vereadores. Eu não entendo o Ver. Isaac Ainhorn, pois no Regimento desta
Casa não está tipificado, ou especificado, a quem designar Voto de Congratulações.
Aqui já passaram “n” Votos de Congratulações a programas de rádio, a
comentaristas de futebol, a comentaristas políticos. Várias atividades
profissionais já receberam, desta Casa, Votos de Congratulações. Mas o caso é
“sui generis”. E aí eu me rendo, mas não me deixo ser levado a fugir da
realidade. O Vereador disse que devemos frear esse tipo de Voto de
Congratulações, e talvez no fundo tenha um objetivo: o de fazer com que os
companheiros da Brigada , de onde sou oriundo, tenham reconhecido o seu trabalho,
através de um Voto de Congratulações, já que nas suas próprias instituições não
são reconhecidos. Sabemos que essa atividade é comum entre os policiais
militares, mas não podemos deixar de citar que um policial do Exército ajudou
um policial militar, não podendo assim designar um Voto de Congratulações a um
policial do Exército e esquecer-se do policial militar. Só no ano passado houve
317 assaltos aos ônibus de Porto Alegre, e esta Casa não reconheceu o trabalho
dos policiais que coibiram alguns desses assaltos a ônibus. Só neste ano 83
assaltos ocorreram nos ônibus da Carris e esta Casa novamente não reconheceu o
trabalho realizado por esses policiais. Isso seria um incentivo aos policiais,
para que continuem a coibir os assaltos a ônibus, e não um merchandising
político.
Talvez o senhor esteja preocupado, Ver. Isaac
Ainhorn, mas não sabemos fazer merchandising político. Não somos macacos
velhos como V. Exª, e o senhor tem que saber que isso nada mais é do que um
reconhecimento à ação do policial que tenta coibir assaltos a ônibus.
Vereadores, esse Voto de Congratulações nada mais é
do que um reconhecimento aos policiais, não só da Brigada Militar, como também
da Aeronáutica, do Exército, e a todos aqueles que tem instrução para poder
atuar nos assaltos. Por isso estamos defendendo e encaminhando, e não como um
simples reconhecimento ao trabalho deles, mas também como um incentivo para que
continuem atentos e vigilantes ao seu serviço. Era isso. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. João Motta.
O SR. JOÃO
MOTTA: Senhor Presidente e Senhores Vereadores. Eu resolvi encaminhar, pela
Bancada, o voto de congratulações feito pelo Ver. José Gomes por dois motivos
que me parecem evidentes, aqui, nesta discussão.
Em primeiro lugar, Ver. Isaac Ainhorn, eu acredito
que nenhum Vereador, neste Plenário, seja contrário à proposta que Vossa
Excelência acabou de fazer deste microfone, ou seja, de nós repensarmos os
critérios dos votos de congratulações. O que eu acho que está errado é propor,
nesta Plenária, durante a votação de um voto de congratulações, repensar os
critérios em cima desse Voto de Congratulações concretamente em discussão. Acho
que é equivocado isso. V. Exª deveria fazer isso antes da Sessão. Agora, nós estamos
aqui na Ordem do Dia votando um Voto de Congratulações.
Eu não acho que este Voto de Congratulações seja
diferente de muitos outros votos que nós votamos, completamente inócuos neste
Plenário. Até hoje, até mesmo por uma questão de bom relacionamento entre as
Bancadas, ninguém levantou a discussão. Agora, se é para levantar a discussão,
de fato, sobre Votos de Congratulações, nós poderíamos fazer uma seleção dos
dez mais, e certamente este não seria entre eles, porque vem o segundo
argumento em defesa do Voto de Congratulações do Ver. José Gomes. E ele citou o
fato, são 80 assaltos aos ônibus da Carris. Existe, sim, um fato social na
Cidade, que chama-se insegurança nas linhas de ônibus, em razão dos assaltos.
Pois bem, a exceção na regra não é o heroísmo de soldados, é o fato de que dos
80 assaltos, neste foi preso o assaltante.
Então, eu acho que por este tipo de ironia, é justo
o que o Vereador está propondo, como forma de incentivo, falou bem o Ver. José
Gomes, até mesmo para preservar a imagem daqueles que se sacrificam, que ganham
os salários que ganham com as condições, com as condições que ganham, e são,
muitas vezes, responsabilizados injustamente pelo fato de, no exercício de suas
funções, não conseguirem atender a esta demanda que é o assalto e a insegurança
em várias linhas de ônibus. Portanto, eu acho que, simbolicamente, a Câmara
está correta, através deste Voto de Congratulações, reforçando, incentivando e
reconhecendo, neste gesto isolado dos 80 assaltos, esses companheiros da
Brigada, terem conseguido flagrar aqueles que são repensáveis, não pela
insegurança do motorista, apenas, Ver. Dilamar Machado, mas são responsáveis
pela insegurança de todos os usuários daquelas linhas de ônibus. Por isso, acho
que nós devemos votar no Voto de Congratulações do Ver. José Gomes, por dois
argumentos. Seria um equivoco este Plenário, agora, querer estabelecer
critérios para o Voto de Congratulações em cima deste Voto de Congratulações do
Ver. José Gomes. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE:
Com a palavra o Ver. Luiz Braz, do PTB.
O SR. LUIZ
BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, é verdade que todos os Vereadores
desta Casa, tem o direito de apresentar congratulações a atos, atitudes que
eles acreditem que mereçam estas congratulações, mas é claro que esta Casa, ao
analisar as congratulações que são submetidas a ela, tem a responsabilidade e o
dever de fazer uma seleção sobre aquilo que a Casa realmente deve oferecer com
congratulações ou não. Qual é o pedido do Ver. José ? É o Voto de
Congratulações com dois policiais que prenderam um homem que roubou uma sacola.
Eu nem sei o que tinha dentro da sacola desse motorista da Carris. Poderia
haver dentro da sacola o jornal do motorista, poderia ter qualquer coisa dentro
daquela sacola. Se o policial, policiais ou qualquer pessoa, prendesse
meliantes que, perigosamente, assaltam os ônibus desta Cidade e com o risco da
sua vida fizesse com que esta prisão pudesse colocar fim ao tumulto
generalizado que se faz no transporte coletivo depois das 6h da noite, em
determinadas regiões da Cidade, eu acredito que ninguém da Casa votaria
contrário. Mas Voto de Congratulações para dois policiais que, na verdade,
cumpriram com a sua obrigação sem risco de vida, porque, pelo que eu sabia, o
cidadão não estava armado e teve a atitude de roubar uma sacola e quem sabe até
estava com fome, com muita fome e roubou comida para comer, porque não tem
explicação do conteúdo da sacola. Na verdade, o Ver. José Gomes, que eu
respeito tanto e aprecio tanto, acredito que no afã de homenagear sua
ex-instituição e seus ex-companheiros, a Brigada Militar e também os soldados
do Exército, acabou se excedendo. Acabou fazendo com que esta congratulação
pudesse realmente colocar a Casa numa situação um tanto quanto difícil.
Eu faço uma análise sobre os títulos de Cidadania
que esta Casa oferecia na Antigüidade. Antigamente, se oferecia Título de
Cidadania para qualquer cidadão que passasse ali na frente, pegava-se o nome e
dava-se o Título. Hoje em dia a Casa limitou o número de Títulos, fazendo com
que eles se tornassem nobres novamente. Eu acredito que nós devemos também
fazer uma seleção sobre as congratulações para que quem as receba se sinta
nobre e incentivado para realizar novas boas atitudes. Mas qual o incentivo que
vamos dar dando estas congratulações para esses soldados que prenderam um homem
que roubou uma sacola que, sabe-se lá, poderia até conter comida para matar a
sua fome. Eu acho que, na verdade, não estamos dando nenhum tipo de incentivo.
Não estaremos fazendo com que a atitude da Casa se torne nobre. E é isto que
devemos fazer quando vamos votar alguma coisa na Casa. Temos que fazer com que
a atitude da Casa seja uma atitude nobre. E, na verdade, esta atitude que está
sendo proposta pelo Ver. José Gomes, muito embora reconheçamos nele todo o
direito de propor à Casa este Voto de Congratulações, acredito que não tornará
a Casa mais nobre ao conceder estas Congratulações. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Não há mais inscrições para encaminhar o Requerimento.
O SR. JOÃO
MOTTA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, só para efeito de esclarecimento
ao Plenário: no encaminhamento, o Ver. Luiz Braz usou uma informação que eu
acho que não está bem precisa. O mérito do Voto de Congratulações não é o
problema da sacola. E aí não vamos aqui abrir uma discussão sobre o Direito
Penal, houve uma tentativa de furto, e houve uma ação de policiais que
bloquearam o furto. Esse é o mérito do Voto de Congratulações, por esta razão.
O que ia ser roubado, se era só a sacola, se era dinheiro, isso é conseqüência.
Houve uma tentativa de furto que foi barrada por uma ação pronta de
brigadianos.
O SR.
PRESIDENTE: Vereador, V. Exª analisa o mérito daquilo que foi encaminhado
pelo Ver. Luiz Braz, não se enquadra no Regimento como Questão de Ordem.
Vamos colocar em votação o Requerimento. Votação
nominal.
Solicito ao Sr. Luiz Braz que proceda à chamada
nominal e colha os votos.
O SR.
SECRETÁRIO: (Dilamar Machado, Secretário “ ad hoc”.) (Procede a Chamada.)
Sr. Presidente, 13 Srs. Vereadores votaram SIM e 14 votaram NÃO.
O SR.
PRESIDENTE: REJEITADO o
Requerimento do Ver. José Gomes.
(Votaram
SIM os Vereadores: Clóvis
Ilgenfritz, Décio Schauren, Eloi Guimarães, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá,
Henrique Fontana, João Motta, João Verle, José Gomes, Lauro Hagemann, Maria do
Rosário, Milton Zuanazzi e Gerson Almeida. Votaram NÃO os Vereadores: Clênia Maranhão, Dilamar Machado, Eliseu
Santos, Fernando Zachia, Geraldo de Mattos Filho, Isaac Ainhorn, Jair Soares,
João Dib, Jocelin Azambuja, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Mário Fraga, Nereu D’
Ávila e Wilton Araújo.)
O SR.
PRESIDENTE (Luiz Braz): Renovação de Votação. Requer seja encaminhado ao
Sr. Governador do Estado Pedido de Informação acerca da titularidade dos
telefones números 228-21-37, 228-25-92, 229-80-04. Requerimento de autoria do
Ver. Gerson Almeida. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) REJEITADO.
Requerimento de Renovação de Votação de autoria do
Ver. Clóvis Ilgenfritz, ao Requerimento de autoria do Ver. Wilton Araújo, que
requer Comissão Especial destinada a tratar sobre um plano de atendimento às
pessoas carentes -moradores de rua.
O SR.
DILAMAR MACHADO (Questão de Ordem): Só para esclarecer o Plenário, Sr.
Presidente, quando da votação do Requerimento original, se seria possível ao
Sr. Secretario informar a esta Casa o resultado da votação. Se esse
Requerimento foi aprovado por unanimidade ou por maioria?
O SR.
PRESIDENTE: Não houve votação nominal, ele foi aprovado por unanimidade.
O SR. CLÓVIS
ILGENFRITZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, regimentalmente, eu posso
retirar esse pedido?
O SR.
PRESIDENTE: Sim, porque não houve votação.
O SR. CLÓVIS
ILGENFRITZ (Questão de Ordem): Esclarecidas as circunstâncias dessa
Comissão, não vou fazer uso da palavra, mas nós conversamos com as partes e
concluímos que a Comissão, embora a gente não concorde, é pertinente em vista
de que foi feito um entendimento entre a Câmara, o Executivo etc. Eu retiro,
porque não tem cabimento votar o que a gente já entendeu. Houve a retirada por
parte do autor.
O SR.
PRESIDENTE: Não há mais Requerimentos. Tanto o Requerimento de autoria do
Ver. Clóvis Ilgenfritz, como o do Ver. Wilton Araújo, portanto, de minha
autoria, estão retirados.
O SR. JOÃO
MOTTA: Sr. Presidente, requeiro a V. Exa. que nos forneça a relação de
todos os Votos de Congratulações aprovados por esta Câmara nesta Legislatura,
até o presente momento.
O SR.
PRESIDENTE: Passamos aos demais Requerimentos apresentados à Mesa.
(Obs.: Foram aprovados os demais Requerimentos
constantes na Ata.)
Não há mais matéria para ser votada. Passamos ao
Período de
COMUNICAÇÕES
Pela ordem, o Ver. Geraldo de Mattos Filho, que
está ausente; Ver. Henrique Fontana, que desiste; Ver. João Motta, que cede seu
tempo ao Ver. Clóvis Ilgenfritz.
O SR. CLÓVIS
ILGENFRITZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Para ganhar tempo, não fiz o
encaminhamento da matéria anterior, cujo Requerimento era de minha autoria, e
agora aceito esse tempo cedido, que me veio a calhar pela necessidade que tenho
de explicar ao Sr. Presidente e aos Srs. Vereadores qual a nossa preocupação.
Estamos vendo que algumas Comissões - estive discutindo com o Ver. Airto
Ferronato, que é Presidente da Comissão da qual sou Vice-Presidente e a Verª
Maria do Rosário é Relatora. Nós fizemos um plano de trabalho junto com os
demais membros da Comissão, estamos em plena atividade, com a consciência de
que aquela Comissão estaria representando a Câmara como um todo num trabalho
importantíssimo, que trata da questão da miséria a da luta contra a fome que
está desencadeada no País. E foi surpreendente para nós vermos uma outra
Comissão sendo formada dentro deste tema, embora com uma conotação específica
para os abandonados de rua. Também foi surpreendentes que companheiros nossos
do Executivo Municipal, do Mapa, Secretaria de Governo, em reuniões realizadas
na Câmara, com a presença do Presidente e outros Vereadores, chegassem a
conclusão de que esta Comissão que foi proposta era importante. Mesmo tendo
retirado o Requerimento, porque não cabia ficarmos insistindo, achamos que era
importante a Mesa, a Comissão de Justiça fazer uma avaliação. Tem várias coisas
que essa outra Comissão, seguramente, vai concluir que tem que fazer também. Aí
há um envolvimento grande de muitos Vereadores, às vezes, num assunto que será
concorrente. Por isso, acho que temos que usar um pouco mais o bom senso e
aproveitar melhor a capacidade de trabalho que temos, e tentar, quando for o
caso, esclarecer, inclusive, o Executivo que não pode estar bem a par do que
fazemos. Isso para que esse trabalho fosse encaminhado para a Comissão que já
estava formada. Quero deixar isso bem claro, porque não se tratava de querer
obstacularizar uma proposta que viesse de um Vereador da Casa ou do próprio
Presidente.
Em segundo lugar, gostaria de convidar os Srs. Vereadores, em especial o Ver. João Dib, que tem muito interesse na distribuição da renda do País, para que nos desse a honra de discutir, logo mais, às 20 horas, com o Senador da República Eduardo Suplicy. Ele está em Porto Alegre e deverá estar aqui na Câmara dentro de alguns minutos. Foi marcada uma coletiva do Senador aqui na Câmara com a imprensa. Ele estará na Caixa Econômica Federal, hoje à noite, discorrendo, tirando duvidas e levando cooperações e sugestões para o Programa de Garantia de Renda Mínima. É um programa inovador, que mostra a necessidade de nos preocuparmos com a redistribuição da renda no País. Principalmente aqueles que não concordam, que tem dúvidas, tem críticas, façam-nas ao próprio Senador, porque ele veio para conquistar o apoio de pessoas importantes e que ainda não tenham conhecimento pleno do assunto. O programa de renda mínima procura, através do chamado imposto de renda negativo, redistribuir parcela do imposto de renda pago neste País para as pessoas que ganham menos do que uma renda mínima arbitrada pelo Congresso Nacional. Foi aprovado no Senado, com Voto do PDT, do PMDB, do PSDB, de pessoas importantes que se debruçaram sobre o assunto, inclusive do atual Ministro da Fazenda; do Senador Pedro Simon; do Líder do PDT, na época, e atual Ministro da Justiça, Maurício Correia, e de outros Senadores. Seus discursos e suas posições estão transcritos no livro que eu distribuí aos Srs. Vereadores. Tinham sido remetidos de Brasília, pelo Senado. Então, hoje à noite, vamos demonstrar que é possível melhorar a renda nacional, melhorar a circulação de dinheiro para que esse País retome o desenvolvimento, também, através desse processo de garantia da renda mínima. A reunião de hoje à noite será na Caixa Econômica Federal, às 20 horas. É uma promoção que tem a participação do gabinete deste Vereador, do Dep. Federal José Fortunati e também do Dep. Estadual Marcos Rolim. Nós estamos convidando a todos. Tenho certeza que é um projeto de grande envergadura, que vai ser motivo de muita discussão ainda neste País, para melhorar as condições do nosso povo, as quais já são quase insuportáveis. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. José Gomes.
O SR. JOSÉ
GOMES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Jornal Folha de São Paulo do dia
22 de agosto traz uma matéria no seu Caderno Especial com o seguinte título:
“Souza Cruz triplica o lucro”. Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu quero tocar
nessa questão, novamente, porque durante o mês de fevereiro, quando esta Casa
estava sob a égide da Comissão Representativa, nós apresentamos nesta Casa um
pedido de constituição de uma Comissão para estudar as demissões da Souza Cruz.
Foram 417 funcionários que perderam os seus empregos em função do fechamento da
fábrica. Já naquele mês, nós tínhamos divulgado que no próprio jornal Folha de
São Paulo a Souza Cruz tinha apresentado um superávit em torno de 200%. Isso em
moeda corrente, em dólares correspondeu a aproximadamente 96 milhões de
dólares. Este foi o lucro que a Souza Cruz teve no ano passado. Novamente o
jornal Folha de São Paulo, num caderno especial, traz essa matéria à tona.
Nela, o Presidente Monteiro de Castro, numa posição sarcástica, diz o seguinte:
“A empresa também fechou as fábricas de Belém do Pará e de Porto Alegre, pois
as unidades eram obsoletas”. Sr. Presidente e Srs. Vereadores, levanto este
assunto em função de uma oportunidade que esta Casa perdeu, porque tivemos que
arquivar nosso pedido de constituição de uma comissão para avaliar as demissões
da Souza Cruz, porque já existia uma comissão em andamento para analisar o
desemprego em Porto Alegre. Digo isto porque esta empresa vive da espoliação
dos trabalhadores; que não teve respeito por esses trabalhadores que, durante
setenta anos, trabalharam para que ela pudesse crescer e que, num passe de
mágica, demitiu seus 417 funcionários por correspondência. O fechamento teve um
efeito mais abrangente, pois mais de 700 pessoas que tinham envolvimento
indireto com a empresa também perderam. Lendo esta matéria, nos deparamos com a
brincadeira que os empresários fazem com os trabalhadores deste País. Eu disse,
aqui na tribuna, em fevereiro, que hoje é a Souza Cruz, amanhã poderá ser
qualquer outra empresa multinacional que espolia os trabalhadores. E esta
matéria vem à tona quando diz-se que o superávit da empresa girou em torno dos
96 milhões de dólares só nos primeiros seis meses deste ano. É impressionante
como uma empresa entra no nosso mercado de trabalho, instala-se no nosso País,
espolia nossos trabalhadores, suga até sua última gota de sangue e os demite
por correspondência. Isso é o retrato da espoliação, do quadro da relação entre
trabalho, capital e trabalhador. Esta Casa perdeu a oportunidade de discutir
este problema. O Ver. João Dib, na época, disse que era um defensor do
fechamento das empresas, porque era liberdade entre capital e trabalho que o
empresário pudesse fechar qualquer empresa no momento em que ele quisesse. O
Vereador disse textualmente, e consta nas notas taquigráficas, defendeu a Souza
Cruz. É lamentável que, quase seis meses depois, nós lemos no jornal que a
empresa faturou noventa e seis milhões de dólares, enquanto quatrocentos e
dezessete trabalhadores foram mandados embora, e que uma fábrica foi fechada em
Porto Alegre. O repasse de verbas para implementação de obras do Município
também ficou prejudicado. O Município deixa de arrecadar com o fechamento desta
fábrica. Perde o Estado, perde o Município de Porto Alegre.
O Sr. João
Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu não bati palmas
ao fechamento de uma indústria, muito pelo contrário, me entristece, agora eu
sou obrigado, por formação, a defender a livre iniciativa, isto significa, se
tiver condições abre, se não tiver, fecha, se tiver desejo de abrir, e as leis
permitirem, abre, se não, fecha, nada impede.
O SR. JOSÉ GOMES: Novamente eu acolho o seu aparte, como acolhi da outra vez, com relação ao mesmo problema. Uma empresa que fatura noventa e seis milhões de dólares, só em seis meses, não justifica o fechamento da sua fábrica, considerando que a fábrica é obsoleta, isto é uma barbárie que estão fazendo com os trabalhadores. Há 70 anos que esses homens trabalhavam nesta fábrica, tocaram, deram o seu sangue por essa fábrica, e são demitidos sumariamente, simplesmente porque a Souza Cruz acha por bem fechar. Ela deve prestar uma justificativa para a sociedade, porque ela explora a sociedade. Esta Casa perdeu a oportunidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Estamos encerrando os trabalhos da presente Sessão. Não há mais
orador inscrito.
(Encerra-se a Sessão às 16h38min.)
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